E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos
digo que esta pobre viúva depositou mais do que todos os que depositaram na
arca do tesouro. Mar. 12:43.
Jesus estava no pátio onde se achava a arca do tesouro, e
observava os que ali iam depositar as ofertas. Muitos dos ricos levavam largas
somas, que apresentavam com grande ostentação. Jesus os contemplava
tristemente, mas não fez comentário algum acerca de suas liberais ofertas. Num
momento, Sua fisionomia iluminou-se ao ver uma pobre viúva aproximar-se
hesitante, como receosa de ser observada. Enquanto os ricos e altivos se
apressavam para depor suas dádivas, ela se retraía, como se mal ousasse
adiantar-se. Todavia, anelava fazer qualquer coisa, por pequenina que fosse,
pela causa que amava. Contemplou a dádiva que tinha na mão. Era demasiado
pequena em comparação com as ofertas dos que a rodeavam; ali estava, no
entanto, tudo quanto possuía. Espreitando o ensejo, deitou apressadamente suas
duas moedinhas, e virou-se para se afastar, ligeira. Ao fazê-lo, porém,
encontrou o olhar de Jesus, cravado nela.
O Salvador chamou a Si os discípulos, e convidou-os a notar
a pobreza da viúva. Então soaram aos ouvidos dela Suas palavras de louvor.
"Em verdade vos digo que esta pobre viúva depositou mais do que
todos." Luc. 21:3. Lágrimas de alegria lhe encheram os olhos, ao ver que
seu ato era compreendido e apreciado. Muitos tê-la-iam aconselhado a guardar
seu escasso recurso para o próprio uso; dado às mãos dos bem nutridos
sacerdotes, perder-se-ia de vista entre os muitos custosos dons levados ao
tesouro. Mas Jesus entendeu-lhe o motivo. Ela cria que o serviço do templo era
indicado por Deus, e estava ansiosa por fazer tudo que lhe era possível para
sua manutenção. Fez o que pôde e sua ação serviria de monumento a sua memória,
através dos tempos, e alegria na eternidade. O coração acompanhou-lhe a dádiva;
seu valor foi estimado, não pela importância da moeda, mas pelo amor para com
Deus e o interesse para com Sua obra, que a motivaram. ...
É o motivo que dá sentido às nossas ações, assinalando-as
com ignomínia ou elevado valor moral. Não são as grandes coisas que todos os
olhos vêem e toda língua louva, que Deus considera mais preciosas. Os pequenos
deveres cumpridos com contentamento, as pequeninas dádivas que não fazem vista,
e podem parecer destituídas de valor aos olhos humanos, ocupam muitas vezes
diante de Deus o mais alto lugar. Um coração de fé e amor é mais precioso para
Deus que os mais custosos dons. ... Foi esse espírito abnegado e essa infantil
fé que atraiu o louvor do Senhor.
Existem entre os pobres muitos que anelam manifestar
gratidão para com Deus por Sua graça e verdade. ... Permita-se-lhes pôr suas
moedas no banco do Céu. Dadas com o coração cheio de amor para com Deus, essas
ninharias aparentes tornam-se dádivas consagradas, inapreciáveis ofertas que
Deus aprova e abençoa. O Desejado de Todas as Nações, págs. 614 e 615.